Termo é mencionado desde 2017, referindo-se aos efeitos negativos do uso abusivo de telas. Conheça os riscos para as empresas e como é possível reduzi-los.
Segundo o relatório Digital 2023: Brazil, da We Are Social em parceria com a Meltwater, a proporção de brasileiros conectados cresceu de 70% em 2019 para 84,3% em 2023. Com isso, o país chegou à marca de 181,3 milhões de usuários da internet. E os maiores fatores na elevação desses números de conectividade são as redes sociais e o e-commerce.
De acordo com esse relatório, o Brasil está bem acima da média quando se trata da proporção da população com acesso à rede. Aqui são 84,3% conectados enquanto a taxa mundial está em 64,4%.
E esse excesso de uso tem efeitos nocivos para a saúde mental das pessoas – seja em casa, seja no escritório. Hoje já se fala em “demência digital” – mas antes vamos deixar bem claro o significado da demência em si.
Esse termo geralmente é usado para descrever um conjunto de sintomas que afetam a memória, o pensamento e as habilidades sociais de uma pessoa a ponto de interferir significativamente em suas atividades diárias. É comumente associada a doenças como o Mal de Alzheimer.
Já a demência digital começou a ser mencionada em 2017, referindo-se aos efeitos negativos do uso abusivo de telas, quando foi identificado que a dependência da tecnologia passou a resultar em disfuncionalidades em nosso cérebro, comprometendo as habilidades cognitivas. Uma vez que o crescente uso de smartphones, tablets, computadores e outras tecnologias digitais em nossas vidas pode ter impactos na memória, concentração, capacidade de resolução de problemas e interações sociais.
Além disso, o vício em mídias sociais, jogos online e outras formas de entretenimento digital pode contribuir para levar a um declínio no funcionamento cognitivo em algumas pessoas.
Desde 2017, pesquisadores começaram a levantar essas hipóteses, efeitos e constatações, começando na fase da infância e adolescência, em estudos como: “Digital Dementia: A Systematic Review” (por Yoo HJ, Park HK e Ha JH); “Mudanças cognitivas e cerebrais associadas ao aprendizado multimídia estendido” (por Kühn S. e Gallinat J.); “Internet Addiction and Cognitive Impairment: A Systematic Review and Meta-Analysis” (por Lai CM, et al.).
Como esse contexto pode ser nocivo às empresas?
Com os estudos, os fatos do dia a dia por meio de relatos, o aumento das queixas em demandas clínicas de consultório de psicoterapia e psiquiatria
quanto aos efeitos negativos, podemos entender que isso com certeza pode gerar impactos importantes nas organizações tais como:
1. Redução da produtividade: A demência digital pode levar a distrações constantes no ambiente de trabalho, reduzindo a produtividade dos funcionários e aumentando o tempo gasto em tarefas que normalmente seriam executadas de forma mais rápida e eficiente.
2. Deterioração das habilidades cognitivas: O uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode contribuir para a diminuição das habilidades cognitivas, como a capacidade de concentração, do raciocínio lógico e da tomada de decisões. Isso pode impactar negativamente o desempenho das tarefas complexas exigidas em muitos trabalhos.
3. Aumento do estresse e da ansiedade: A constante conexão digital pode levar a uma sensação de estar sempre “ligado”, resultando em um maior nível de estresse e ansiedade nos funcionários, afetando seu bem-estar e saúde mental.
4. Dificuldade em estabelecer relacionamentos interpessoais: O uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode prejudicar as habilidades sociais e a capacidade de interação interpessoal no ambiente de trabalho, um fator crítico em muitos empregos que exigem trabalho em equipe e colaboração.
5. Riscos para a segurança da informação: A demência digital também pode resultar em comportamentos inseguros em relação à proteção de dados e informações confidenciais, aumentando os riscos de violações de segurança no ambiente de trabalho.
O que as empresas podem fazer para minimizar esses riscos?
Torna-se essencial que as pessoas, assim como as empresas, estabeleçam práticas bem conscientes do bom uso da tecnologia:
1. Fazer pausas regulares para diminuir o tempo de tela, orientando a utilizar com finalidade para ser um recurso, uma ferramenta, e não um fim!
2. Incentivar o equilíbrio da vida pessoal e profissional, por meio de rodas de conversas, palestras e treinamentos sobre o uso adequado das tecnologias e suas implicações.
3. Uma cultura organizacional que fortaleça, por meio da comunicação interna, a importância de reconhecer que as tecnologias podem ser uma ferramenta importantíssima no mundo do trabalho, mas seu uso deve ser adequado e equilibrado para que haja um ambiente saudável, funcional e produtivo.
4. Estimular ações de prática do exercício físico, para mexer o corpo e relaxar a mente.
5. Sempre que necessário, ou de forma preventiva, a terapia como um bom recurso para o autoconhecimento.
A evolução tecnológica precisa que nós a usemos de forma funcional, sempre colocando o ser humano no centro das transformações do mundo.
Fonte: VocêRH