Desde agosto de 2021 muitos afegãos buscam um lugar mais seguro e democrático para viver com a suas famílias. O Brasil é um desses destinos: entre setembro de 2021 e junho deste ano, mais de 11 mil vistos humanitários foram autorizados.
Quando o assunto se refere aos refugiados do Afeganistão, não tem como não lembrar da cena de vários afegãos se agarrando no avião americano em movimento, em uma ação de completo desespero quando o Talibã assumiu o controle do país em 2021, após 20 anos sob governo ocidental apoiado pelos EUA.
“O governo atual se sentiu abandonado pelos EUA, que retirou as tropas antes do combinado, sem pensar nos afegãos que de alguma forma acreditaram na volta da democracia”, afirma o Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM.
Com medo das consequências sociais e econômicas com a mudança de poder, os milhares de afegãos que trabalhavam para americanos e que acreditavam na permanência da democracia tentaram sair do país em busca de um lugar melhor para viver.
Como está o Afeganistão hoje?
O Afeganistão realmente se tornou o que muitos temiam: hoje o país é formado por grupos ultranacionalista do Talibã, porque aqueles grupos que negociaram com os americanos perderam completamente o poder. Em paralelo a essa perda de poder, o país se transformou em um Estado teocrático, com leis islâmicas sendo impostas e traduzindo em mais sofrimento e mais miséria, afirma o professor Trevisan.
“A partir do final de 2021, esses grupos ocuparam todos os postos de controle e impuseram todas as leis islâmicas, as mulheres, por exemplo, não tem mais acesso às universidades. Assim o Afeganistão provocou o quadro de muitos refugiados que vemos hoje.”
Mas o professor reforçou que de 2021 para cá o perfil da maior parte dos refugiados mudou:
Como os refugiados afegãos estão sendo recebidos no Brasil?
Desde agosto de 2021 muitos afegãos buscam um lugar mais seguro e democrático para viver com a suas famílias. O Brasil é um desses destinos: entre setembro de 2021 e junho deste ano, mais de 11 mil vistos humanitários foram autorizados, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores.
"O trabalho de atenção às populações refugiadas, como no caso das afegãs, requer compromisso e atuação coordenada desde o acolhimento emergencial até a integração, com a oferta de aulas de português, acesso à documentação e aos serviços públicos de educação, saúde e assistência social, além de encaminhamentos para oportunidades de emprego," afirma Maria Beatriz Nogueira, chefe do escritório do ACNUR em São Paulo.
Fonte: Exame