A imprevisibilidade dos mercados, a volatilidade dos negócios, a complexidade dos comportamentos e o choque de gerações em meio à tecnologia são alguns dos desafios mais evidentes da atualidade. A Inteligência Artificial está cada vez mais presente em nossas rotinas — desde tendências que criam ilustrações realistas de familiares até amigos transformados em bonecos de brinquedo, tudo gerado por algoritmos. Adaptabilidade é a palavra da vez.
Vivemos a Era da Automação, ou a Quarta Revolução Industrial, como define Klaus Schwab, engenheiro e economista alemão. Mas, pessoalmente, prefiro o termo “Economia das Competências”. Nunca atravessamos tantos ciclos evolutivos em tão pouco tempo — e essa velocidade tem gerado apreensão em profissionais e organizações sobre sua relevância futura.
A única saída? Adaptar-se.
Mas como? É preciso dominar todas essas novas tecnologias?
A primeira etapa é entender o que está acontecendo — e como isso pode afetar sua carreira. Sim, parte do seu trabalho atual pode ser automatizada. Tarefas repetitivas, pequenas decisões, direcionamentos e processos de manufatura são apenas alguns exemplos. O desafio está em analisar o que você faz hoje e identificar como pode evoluir a ponto de uma máquina não substituí-lo.
Diante desse cenário, convido você a subir na cadeia de valor profissional:
Avalie suas soft skills: empatia, ética, julgamento, inteligência emocional, liderança e influência.
Aprimore sua atuação com IA: explore ferramentas como ChatGPT, Notion AI, Excel com IA, Trello com IA — são bons pontos de partida para pesquisar e treinar.
Upskill e Reskill: invista em cursos com alta demanda, como UX Design, transformação digital nos negócios e cibersegurança. Existem ótimas opções gratuitas online.
Desenvolva a capacidade de resolver problemas, em vez de apenas executar tarefas. Compreenda o todo, pense em sistemas e soluções, proponha melhorias.
Essa é uma responsabilidade compartilhada entre organizações, líderes e profissionais. Segundo um estudo da BCG com mais de 40 grandes empresas globais, apenas 1,5% do investimento em profissionais tem sido direcionado à requalificação de habilidades. A meia-vida média das competências já é inferior a cinco anos e, em alguns setores tecnológicos, pode chegar a apenas dois anos e meio. Ou seja: para milhões de trabalhadores, o upskilling por si só não será suficiente.
Estratégias de grandes empresas para impulsionar soft skills na era digital
Na Shopify, o CEO Tobi Lütke estabeleceu uma política clara: novas contratações só seriam feitas se os gestores conseguissem provar que a IA não poderia realizar aquela tarefa. A proposta valoriza competências humanas como criatividade, pensamento estratégico e comunicação interpessoal — áreas onde a IA ainda não consegue substituir o ser humano. Os colaboradores são incentivados a integrar a IA aos seus fluxos de trabalho sem abrir mão das habilidades interpessoais e criativas.
A Amazon anunciou um investimento superior a US$ 700 milhões para requalificar 100 mil colaboradores em áreas como mecatrônica e comunicação. A empresa reconhece que a comunicação eficaz e o trabalho em equipe são habilidades essenciais para complementar o conhecimento técnico e garantir a adaptabilidade no ambiente impulsionado pela IA.
Já a Cognizant pretende formar mais de 200 mil colaboradores até 2026, com foco não apenas em competências digitais, mas também em soft skills como resolução de problemas e comunicação. A estratégia é baseada em formações rápidas e específicas, oferecidas online, que preparam os profissionais para os desafios da nova realidade tecnológica, sem perder o valor das capacidades humanas.
No seu dia a dia — especialmente na era da “economia das competências” — recomendo que você mantenha a vontade e a disposição de aprender algo novo constantemente. Esteja aberto a novas situações e mentalidades e, acima de tudo, não tema a evolução antes de compreendê-la.
Se sentir que estagnou, movimente-se.
Manter-se relevante é uma escolha. Faça a sua!
Fonte: Mundo RH